fevereiro 02, 2016

A festa de Iemanjá na Bahia


A Festa de Iemanjá do dia 2 de fevereiro é uma das mais populares e valorizadas do ano, atrai às praias do Rio Vermelho (Salvador, Bahia) uma multidão imensa de fiéis e admiradores. Na ilha de Itaparica por ser um pouco afastada de Salvador, é feita pelos moradores e apreciada pelos visitantes da ilha.

Em Salvador, ocorre anualmente, no dia 2 de fevereiro, a maior festa do país em homenagem à Iemanjá, esta celebração é uma instituição contemporânea que vem provocando imitações no Rio de janeiro e Recife. O motivo da data explica P. Verger, seria pela influência do sincretismo de Oxum com Nossa Senhora das Candeias que é celebrada nesse dia,este outro orixá relacionado às águas doces é presenteado antes do tradicional presente de Iemanjá no dique do Tororó, a meia noite do início do dia das festividades, onde segundo Edison Carneiro eram feitas inicialmente as oferendas a Iemanjá. A festa que teria surgido quando a celebração do presente de Iemanjá no candomblé migrou do Dique do Tororó para o mar em 1924, viria a substituir a tradicional festa de Sant’Anna, que ainda é celebrada pelos pescadores que segundo S. Blass, "participam da missa no dia 29 de junho, em homenagem a São Pedro, realizada na vizinha Igreja Católica de Sant’ Ana, também localizada na praia do Rio Vermelho.” A Casa do Peso, importante no festejo, é localizada próxima a Igreja desse culto católico predecessor, é nela que são depositados objetos e instrumentos utilizados pelos pescadores na sua rotina de ofício, e as balanças utilizadas para a pesagem da pescaria. Nesse mesmo casebre há um lugar reservado para o culto à Iemanjá, "No primeiro cômodo da casa existem várias imagens de Iemanjá, água, pedras, búzios e flores. No mesmo espaço os fiéis acendem velas. Do lado de fora, logo em frente, vê-se uma sereia.", registra S. Couto.
O culto de Sant'Ana que lhe serviu de base, ocorria anualmente numa data móvel geralmente entre os meses de janeiro e fevereiro, teve início em 1823, a festa que possuía grande liberdade na sua organização por parte dos jangadeiros passaria por sérias modificações. S. Couto a respeito da mudança de festejos registra: "O processo de transformação foi lento e promovido por diferentes fatores. A Romaria dos Jangadeiros foi modificada, em parte, pela chegada dos veranistas à localidade durante a segunda metade do século XIX e a festa religiosa foi carnavalizada. Mas seria injusto colocar toda a culpa das mudanças nos recém-chegados. É provável que a essa altura a lenda da aparição de Sant’Ana aos pescadores já tivesse perdido o significado e a motivação inicial para a realização dos festejos, fazendo com que aceitassem a interferência externa. Ainda há que se levarem em consideração outros fatos importantes.
Uma série de conflitos ideológicos, existentes nas primeiras décadas do século XX entre as novas orientações do clero e os costumes dos pescadores vinculados ao Candomblé, também favoreceu as mudanças." Com a criação da Paróquia de Sant'Ana em 1913 já fica bem evidente a perca de espaço e autonomia na arrumação da igreja e dos festejos, a repressão de costumes ocorre com a supervisão de um padre permanente, o que acarretaria em sérios conflitos, lenta decadência do culto a Sant'Ana já é perceptível.
Em 1930, quando o padre da sua igreja recusa-se a celebrar a missa, durante a discussão a manifestação do sermão do sacerdote quanto ao que ele considerava como práticas ignorantes, referindo-se diretamente aos presentes a uma mulher com rabo de peixe, teriam deixado os pescadores ofendidos ao ponto que os antigos moradores da praia do Rio Vermelho em represálias, deixaram de pedir a celebração da missa no dia da entrega dos presentes, e assumiram os aspectos do culto da Rainha do Mar, que somente seria denominado como Festa de Iemanjá em 1960. Vallado evidencia a perda gradual do caráter religioso da festa.Desde então a Igreja de Santana, localizada no mesmo local da festa, sempre mantém as portas fechadas no dia 2 de fevereiro.

Hoje em dia as homenagens a essa orixá começam de madrugada, com devotos do candomblé, da umbanda e do catolicismo colocam as ofertas e bilhetes com pedidos em balaios que serão levados para o alto mar. Esses balaios são levados por cerca de 300 embarcações, com o saveiro com a oferenda dos pescadores sempre a frente do cortejo.
 As pessoas independente de religião comemoram do mesmo jeito, levando flores, perfume, champanhe, velas, mas tem gente que nunca ouviu falar da lenda da Iemanjá.
 A festa tem a finalidade de agradar a rainha do mar, na esperança que ela possa abençoar cada vez mais os pescadores.

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